Ergonomia como Estratégia de Negócio: O Espaço de Trabalho que Gera Engajamento, Saúde e Lucros

qua, 02 de abr de 2025 às 15:56

Ergonomia é negócio, não despesa

Em um mundo corporativo cada vez mais atento à saúde mental, à produtividade e à retenção de talentos, ignorar a ergonomia do ambiente construído é um erro estratégico. A forma como os espaços físicos são organizados, iluminados, mobiliados e utilizados impacta diretamente na motivação, no desempenho e na saúde das equipes. E mais do que isso: impacta nos resultados financeiros da empresa.

Não se trata apenas de conforto. Trata-se de criar ambientes que impulsionem performance sustentável. A ergonomia, quando pensada desde a concepção dos espaços, se transforma em uma poderosa aliada da produtividade, reduzindo afastamentos por doenças ocupacionais, melhorando o clima organizacional e otimizando o uso do espaço físico.

Ergonomia do ambiente construído: o que os dados nos mostram

Um estudo conduzido por Vilma Villarouco e Luiz Andreto (2005) avaliou o impacto da configuração espacial em empresas de consultoria e demonstrou que variáveis como iluminação, temperatura, disposição do mobiliário e privacidade afetam diretamente a produtividade e o bem-estar. A conclusão? Ambientes bem planejados são aliados estratégicos da gestão de desempenho​.

Outro recorte importante vem da pesquisa de Ilaine dos Santos e Laura Martins (2010), que associou a satisfação no trabalho com a ergonomia do espaço. Os ambientes que atendiam aos critérios ergonômicos apresentaram índices significativamente maiores de engajamento e menor rotatividade​.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), problemas ergonômicos estão entre as principais causas de afastamento do trabalho no mundo. No Brasil, estima-se que doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT) impactem bilhões de reais em custos diretos e indiretos para as empresas anualmente.


 De custo a investimento: o que as empresas podes fazer agora?

A seguir, algumas ações práticas que as empresas podem implementar com um programa de ergonomia:

Mapear o ambiente construído

Realizar uma avaliação ergonômica dos ambientes, identificando pontos de desconforto físico e cognitivo (ruídos, má iluminação, temperatura, mobiliário inadequado, fluxo confuso).

  Reorganizar com base em atividades

A ergonomia do ambiente deve respeitar as tarefas realizadas, e não apenas normas genéricas. Um layout centrado nas necessidades dos usuários aumenta a eficiência.

  Medir o impacto

Implantar indicadores como número de afastamentos, turnover, satisfação dos colaboradores e produtividade por equipe, antes e depois das melhorias.

  Formar líderes conscientes

Capacitar gestores e líderes sobre o papel estratégico do ambiente. Um bom espaço de trabalho é uma ferramenta de gestão, não apenas de infraestrutura.

 



Cristiane Cantele
Ergonomista Sênior 
Especialista em ciências do bem estar